quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Leitura 7 - Mil e Uma Noites - Um clássico e suas adaptações






Para um primeiro contato dos jovens leitores com os contos do livro das Mil e Uma Noites,  os excelentes filmes da Disney bem como algumas boas adaptações produzidas por diferentes estúdios de animação são porta de entrada ou complemento interessante.  Cenários, roupas e ricos detalhes inserem os textos nos seus devidos contextos, ampliando repertórios que, bem trabalhados, despertam a curiosidade e incentivam outras leituras. Ainda que se queira privilegiar a palavra, o texto, o livro e a leitura é possível (muitas vezes, aconselhável e outras tantas, necessário) transitar por outras vias da arte, agregando valores e conhecimentos.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Leitura 6 - O livro das Mil e Uma Noites

A História por trás das histórias 
 
Grande parte das histórias infantis conhecidas no Ocidente surgiram na Europa, entre os séculos V e XV e se difundiram pelo mundo a partir da contação de histórias entre camponeses, fazendo parte do que hoje chamamos "tradição oral". Assim, cruzaram fronteiras e sofreram alterações conforme a cultura em que se inseriam. Alguns destes contos - sabe-se - chegaram na Europa no século XVII, graças a Charles Perrault, autor das primeiras adaptações. No século XIX, os irmãos alemães,  Grimm (Jacob e Wilhelm), também fizeram versões destas narrativas e as publicaram sob o título de Histórias das crianças e do lar

Por tão antiga quanto dispersa, porém, a origem do Livro das Mil e Uma Noites - também fruto da oralidade -,  parece mais enigmática. Trata-se de uma coleção de contos árabes estruturados como histórias em cadeia que instiga a curiosidade do ouvinte para a sua continuação. O uso do número 1001 - e não de um número redondo - sugere a existência de outras histórias e dá à coletânea um carater de obra inacabada e infinita.  A obra, tal como a conhecemos, surgiu no Ocidente  entre os séculos XIII e XIV, mas só foram divulgadas em 1702, pela versão de um original sírio feita pelo francês Antoine Galland.

Seja um ou sejam múltiplos autores anônimos, as histórias foram reunidas durante séculos até formarem o que hoje é um clássico da literatura. Segundo estudos, de origem indiana, as histórias teriam viajado até a Pérsia (atual Irã) com os mercadores, onde teria surgido sua primeira compilação, intitulada "Os Mil Contos", já trazendo seus personagens mais importantes: o sultão Chahriar (Shariar) e sua esposa Cheherazade (Sherazade). Por volta do século VIII, os povos árabes acrescentaram ao texto valores islâmicos. Nos séculos seguintes, a  obra apareceu em diferentes manuscritos, cada um com sua própria variação.  Acredita-se que os contos mais antigos sejam do Egito, do séc. XII, mais tarde agregados a contos hindus, persas, siríacos e judaicos, com elementos de suas respectivas tradições culturais.




Para teóricos, a tradução mais respeitada é a do explorador inglês Sir Richard Burton,cujos 16 volumes foram lançados entre 1885 e 1888. Da coletânea, os contos mais conhecidos são: Ali Babá e os Quarenta Ladrões, Aladim e As Viagens de Simbá,  dentre outros, alguns deles adaptados para o cinema em versões animadas dos estúdios Disney, e cujos originais não se sabe exatamente em que época foram introduzidos ao conjunto. 


 As mil e uma noites (Alf Lailah Oua Lailah) 

A história -
O rei persa Shariar mandou matar a mulher por sua infidelidade. Feito isso, decidiu que passaria cada noite com uma esposa diferente, virgem, que seria degolada na manhã seguinte. Durante anos, as moças eram mortas e, assim, já não havia mais virgens em seu reino. Sherazade, a filha do vizir, ofereceu-se como noiva, dizendo saber como fugir de tão triste destino. Após seu casamento, a jovem é possuída pelo rei, mas passa a lhe contar uma linda história que é interrompida num momento de suspense - e antes que raie o dia -, deixando o rei curioso para ouvir a continuação na noite seguinte. Sherazade, com este artifício repetido por mil e uma noites encanta o monarca e é poupada da morte. Consegue sobreviver graças à  palavra e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei atende o seu pedido e a perdoa. Surge assim a metáfora de Sherazade: a liberdade se conquista com o exercício da criatividade.