sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ilustração 8 - As turmas e as diagramações para Mister X


   Contando um pouco mais sobre a trajetória de Um caso para Mister X, destaco aqui as ilustrações e diagramações definidas para livro nas suas primeira e segunda versões. Seguindo as tendências do mercado editorial, após alguns anos em circulação, o livro ganhou novo formato, papel, gramatura e diagramação. Os desenhos, sempre adequados ao texto, nos mostram duas diferentes leituras de dois grandes ilustradores, permeadas elas também pelo tempo e contexto. Ilustrar é também ler, interpretar. Trabalho autoral que valoriza o livro e a leitura. Vale conferir, comparar e curtir. 



1a. edição - Edson Evangelista



Edição renovada - Victor Tavares


Capas 3 - O antes e o agora - Um caso para Mister X


Um caso para Mister X, da Moderna,  é um livro simpático que nasceu de um projeto diferente, ainda no tempo em que eu colaborava regularmente com a Revista Alegria & Cia., da Editora Abril. Os temas trabalhados nas revistas definiam também a temática e o tom do conto publicado junto com brincadeiras, poesias e matérias bem interessantes que provocavam a reação dos leitores através de cartas, envios de desenhos e fotos. Na época, nem se imaginava o que viria a ser uma "internet". Como o tema do mês era "mistério", a editora me encomendou uma história que envolvesse a questão. Eu, mais do que falar sobre um mundo misterioso e sobrenatural, preferi falar sobre os mistérios que envolvem uma investigação policial, tipo Sherlock Holmes. Era a minha eterna mania de escrever sobre a realidade, o cotidiano, sobre as coisas que acontecem diante de nossos olhos sem que a gente perceba. Enfim, criei o personagem Mister X, um menino curioso, inteligente e atento, capaz de descobrir os responsáveis por tudo o que acontecia de estranho, sobretudo na escola, entre seus amigos e admiradores. Mister X - que recebeu o apelido por ter o nome de Xisto - desvendava tantos mistérios, que era chamado a cada fato novo. Depois, revelava aos amigos (e ao leitor), passo a passo, o seu raciocínio. Afinal, qual a sua estratégia? Mister X tinha várias, sobretudo as baseadas nos sentidos: tato, olfato, visão, audição, paladar. Assim, no final da história, em breves quadrinhos ilustrados, Mister X revelava ao leitor como e por que tinha chegado à solução de um caso. O personagem fez sucesso na revista e, atraindo a atenção da Editora Moderna, acabou virando livro e ganhando alguns episódios a mais. O personagem fez e faz sucesso. Além de inteligente, tem fôlego, e continua interessando leitores das novas gerações. Claro que, tendo vida longa, precisou ser revisitado, repaginado, ganhando novos traços, nova capa, novo formato. O tempo costuma exigir isso: mudanças. Mas, muitas vezes, essas mudanças não quebram o espírito daquilo que é duradouro como o livro (e como o próprio mistério) e, sem deixar morrer o primeiro desenho de Mister X, feito pelo ilustrador Edson Evangelista, nasceu uma outra figura, mais moderna e despojada, criada pelo brilhante Victor Tavares.   A primeira edição data de 1997. Mister X, hoje com seus 15 anos de idade, exigiu nova roupagem, para continuar contando casos para leitores de um novo século. É elementar...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Leitura 15 - Dia dos pais

   O dia dos pais está chegando e motivando leituras sobre o tema, dentro e fora da escola. Longe de apenas idealizar a figura paterna como se cogitava fazer antigamente, a literatura mais e mais a humaniza e a revela na sua melhor forma, tão ambígua como todos os seres, oscilando entre força e fraqueza, malícia e pureza, certezas e dúvidas... Desta forma, o pequeno leitor  do seu pai se aproxima, com ele se identifica e, tentando compreender a sua verdade (com suas qualidades e defeitos), aprende a amá-lo tal como ele é.
   Vejamos aqui alguns livros que têm o pai como personagem central e o enfoque  trabalhado em cada um deles:
   Em Acampando com papai, o pai é divertido e distraído, bem distante dos padrões convencionais. Muito bem intencionado, ele leva os filhos para acampar no dia dos pais. É uma comemoração original, segundo ele: longe de casa (e da ajuda da mãe) e dos presentes repetidos e sem imaginação (como meias e lenços). Tempo ruim, pouca habilidade com barracas, culinária e afins fazem com que tudo dê errado.
   Em Meu dentinho, seu dentão, é o pai quem precisa ir ao dentista. Querendo incentivar o filho a não ter medo, faz com que ele assista a sua consulta que prevê a extração de um dente. Sim, pai também tem medo de dentista! O que não faz, necessariamente, que este medo seja herdado.
   Em Papai não é perfeito, a deficiência física do pai é analisada pelo filho para a realização de um trabalho escolar que associa a figura paterna a um herói.
   Em Tempos de Viver, a história é narrada também pelo pai, o que dá a um mesmo fato um outro ângulo, trazendo  contornos que a filha não vê, tão valiosos quanto às razões que ela aponta incisivamente.  
   Em Incríveis amigos, são os filhos que levam um assustado pai a um passeio na nave espacial, que, surpreendentemente, pousa no quintal.
   Enfim,  lendo sobre as características e reações de outras pessoas, sobretudo de pessoas próximas e queridas, o leitor vai aprendendo a respeitar as diferenças, enquanto também reconhece o seu próprio modo de ser. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Capas 2 - O antes e o agora - Papai não é perfeito

                                     
                                     Papai não é perfeito - Ed. FTD.
   Livro lançado no ano de 1994 que, por sua temática universal e atemporal, permanece vivo até hoje, sobretudo nas escolas, local onde a literatura é capaz de promover - para além da leitura - o despertar da consciência.
  
   Em tempos em que o respeito ao próximo parece fora de moda, em tempos em que a consciência dos direitos e deveres do cidadão precisam ser discutidos, apontados, questionados; falar sobre o deficiente físico é bastante pertinente. No caso, um pai portador de hemiplegia visto sob a perspectiva de seu filho pré-adolescente, durante a realização de um trabalho escolar. Pai herói é o título do trabalho, e Lucas se pergunta se é possível chamar de herói uma pessoa que vive seu dia a dia superando tantas limitações, enfrentando tantos obstáculos. Qual o exato conceito de herói, afinal?
   
   Bem, a resposta Lucas descobre (na verdade, já sabia, mas nem sempre via) convivendo com o pai, desvendando a sua história pessoal, seu passado, suas conquistas. Para saber mais, é preciso ler o livro. O pretexto aqui é mostrar como o tema e a discussão se mantêm vivos, gerando novas edições de um mesmo livro que, para atender o gosto de leitores de uma outra década, ganhou também nova roupagem: capa e diagramação. A primeira edição foi lindamente ilustrada por Roberto Weigand, com traços fortes, em preto e branco. A nova leitura vem no olhar, nos traços e cores de Ricardo Dantas. Dois artistas que se envolveram na trama e dialogaram com ela, valorizando o livro e a leitura.